domingo, 20 de março de 2011

Informativo N° 01 - Mês de Março de 2011

[ASEL.jpg]
Dístico: Exegi monumentum aere perennius (Ergui um monumento mais duradouro que o bronze)

PALAVRA DO PRESIDENTE

Caríssimos Confrades,

Pedindo-lhe permissão para adentrar ao seu lar ou seu ambiente de trabalho, daremos início a uma série de conversações em torno da Academia e da Literatura.
Tecnicamente a minha primeira palavra foi dada na sessão solene de posse da nova Diretoria, ocorrida no dia 1° de março p.p., e agradeci-lhes, junto ao convite enviado pela atenção que dispensaram a mim elegendo-me para a Presidência.
Agora, pretendo apresentar ideias e ouvir dos Senhores sobre o que cada um de nós pode fazer pela Academia Sobralense de Estudos e Letras. Por isso, nesse mês, reuniremos a Diretoria para traçar o planejamento das ações que empreenderemos nestes dois anos que se seguirão.
Em abril, no dia 12, às 19h30min, realizaremos a primeira reunião ordinária da nossa gestão. Registro, com alegria, evento do Colégio Luciano Feijão, um Sarau Literário em homenagem ao Dia da Mulher e à Academia Sobralense de Estudos e Letras, evento que acontecerá no dia 18 de março, véspera de São José, às 19h, no Teatro São João. Será interessante que possamos marcar presença ao evento.
Com votos de saúde e paz, abraço-os cordialmente,
José Luís Lira

FALECIMENTO DO PADRE JAIRO LINHARES

 NOTA DE PESAR E DE LUTO OFICIAL

A Academia Sobralense de Estudos e Letras, considerando o falecimento do intelectual Padre Jairo Linhares Ponte, ocupante da cadeira de n° 10, cujo patrono é o historiador Antonio Bezerra de Menezes, vem manifestar seu pesar e decretar luto oficial, no âmbito acadêmico, por três dias, a contar desta data, e comunica que transcorrida a posse da nova Diretoria será realizada a Sessão de Saudade, oportunidade em que será reverenciada a memória do já saudoso acadêmico.

Sobral, aos 21 de fevereiro de 2011

Manoel Valdeci de Vasconcelos
Presidente Interino

José Luís Araújo Lira
Presidente Eleito


Agenda:

Homenagem do Colégio Luciano Feijão, dia 18/03/11, às 19h, no Teatro São João.

Reunião Mensal de Abril: 12/04/11, às 19h30min na Sede.


Posse da Diretoria



Em solenidade ocorrida no salão nobre do Memorial da Educação Superior de Sobral (MESS), na noite de terça-feira, dia 1° de março último, foi empossada a nova diretoria da Academia Sobralense de Estudos e Letras (ASEL), sob a presidência do acadêmico José Luís Lira, vice-presidência da acadêmica Tereza Ramos, secretaria geral do acadêmico Valdeci Vasconcelos, secretaria-adjunta da acadêmica Rebeca Sales Viana, diretoria financeira do acadêmico Edvar Costa, diretoria financeira-adjunta do acadêmico Dimas Carvalho, diretoria de publicações do acadêmico Gabriel Assis Vasconcelos, diretoria social do acadêmico Arnaud Cavalcante. O Conselho Fiscal ficou composto pelos acadêmicos Ataliba Araújo Moura, Francisco Jerônimo Torres e João Edison de Andrade. Na suplência do Conselho Fiscal estão as acadêmicas Gizela Nunes da Costa e Maria Norma Maia Soares. A Presidência de Honra é exercida pelo acadêmico José Teodoro Soares, reconduzido ao cargo. A Sessão foi presidida pelo acadêmico Manoel Valdeci de Vasconcelos, Presidente Interino da Academia. Os novos diretores foram declarados empossados, na forma do Estatuto, pelo decano da Academia, acadêmico José Ferreira Portella Netto. Compondo a mesa de honra estavam o acadêmico Valdeci Vasconcelos, o Presidente da Câmara Municipal de Sobral, Dr. João Alberto Adeodato Júnior, o Juiz Diretor do Fórum de Sobral, Dr. Maurício Fernandes, o Bispo Diocesano de Sobral, Dom Odeli José Magri, o Reitor da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, Prof. Dr. Antonio Colaço Martins, a Presidente da Academia Brasileira de Hagiologia e da Academia Fortalezense de Letras, Desembargadora Gizela Nunes da Costa e o Secretário Municipal de Educação, representando Sua Excelência o Prefeito Municipal José Clodoveu de Arruda Coelho Neto, Dr. Julio César da Costa Alexandre. Coube à Acadêmica Glória Giovana Saboya Mont’Alverne Girão a saudação oficial da Academia aos empossados. Após ser empossado o neo-presidente José Luís Lira, compôs a mesa, passando a conduzir a cerimônia, finalizada com homenagem póstuma ao acadêmico Padre Jairo Linhares. Autoridades, familiares e amigos dos acadêmicos empossados compareceram ao evento, com destaque para o Dr. Rudson Rocha, Delegado de Polícia de Guaraciaba do Norte, o Mons. Gonçalo Pinho, Vigário Geral da Diocese de Sobral, o Pe. João Batista Nery, Pároco de Coreaú, Zuleika Viana, Zilmar Viana Coelho, Maria de Lourdes Pinto Vasconcelos, esposa do Presidente Interino Valdeci Vasconcelos, Izídio Lira e sua esposa, Luizinha Lira, pais do novo Presidente da ASEL, Afrânio Fonteles, esposo da Vice-Presidente Tereza Ramos, entre muitos outros, ressaltando a comitiva de guaraciabenses que compareceu ao ato em homenagem ao novo Presidente, filho daquela cidade.


Da esquerda para a direita: Dr. Maurício Fernandes (Juiz Diretor do Fórum de Sobral), José Luís Lira, Dom Odeli Magri (Bispo Diocesano de Sobral) e Prof. Antonio Colaço Martins (Reitor da UVA)


Mesa Diretora dos Trabalhos



José Luís Lira assinando o livro de Posse

Saudação feita na posse da nova Diretoria da Academia Sobralense de Estudos e Letras, em 1º de março de 2011    

Acadêmico Decano - Profº José Ferreira Portela Neto
Ilustríssimo Profº Julio César da Costa Alexandre, Secretário de Educação de Sobral, aqui representando o Excelentíssimo Sr. Prefeito Municipal de Sobral, Dr. José Clodoveu  de Arruda Coelho Neto.
Excelentíssimo Presidente da Câmara de Sobral - Dr. João Alberto Adeodato Junior.
Excelentíssimo e Reverendíssimo Bispo de Sobral – Dom José Odelir Magri.
Magnífico Reitor da Universidade Estadual Vale do Acaraú – Antônio Colaço Martins.
Digníssima Desembargadora Drª Gizela Nunes da Costa
Ilustríssimo Presidente eleito da Academia Sobralense de Estudos e Letras – Dr. José Luis Araújo Lira.
Senhores Acadêmicos
Demais autoridades presentes
Professores e alunos da Universidade Estadual Vale do Acaraú
Senhoras e Senhores                                              


A Academia Sobralense de Estudos e Letras, concedeu-me a honra de saudar nesta solenidade, a nova Diretoria que hoje se instala. Vivemos um dia de júbilo e esperanças. Recomeça um novo tempo para a ASEL.
Trago-lhes as mais sinceras congratulações e votos de confiança, em meu nome e em nome dos meus pares, integrantes dos quadros desta Casa.
Se recuarmos no tempo, para que tenhamos melhor perspectiva do presente, vamos encontrar a primeira Associação Literária desse gênero em Sobral, a Academia Sobralense de Letras, fundada a 03 de maio de 1922, por eminentes sobralenses tendo como fundadores, Pe. Leopoldo Fernandes (Presidente), Dr. Clodoveu Arruda, Dr. José Saboya de Albuquerque, Craveiro Filho e Paulo Aragão, dentre outros. Esta academia percorreu tortuosos caminhos com avanços e recuos, paralisando suas atividades anos depois.
Aos 05 de setembro de 1943, funda-se a Academia Sobralense de Estudos e Letras, como permanece até hoje, 67 anos depois. Em sua nova versão, teve como Presidente, Mons. Vicente Martins da Costa, seu fundador, e outros sobralenses cultores das letras como Mons. José Gerardo Ferreira Gomes, Arnaud Ferreira Baltar, José Saboya de Albuquerque, João Ribeiro Ramos, Maurício Mamede, José Maria Mont'Alverne, para citar alguns nomes da  1ª Diretoria. Deram à ASEL, Estatutos e personalidade jurídica, publicando ainda em 05 anos, oito números de Revistas da Academia.
 Com a morte de Mons. Vicente Martins, em 1948, assumiu o Vice-Presidente, Dr. José Saboya de Albuquerque, que a presidiu durante o referido ano, fundando uma escola para alfabetização de crianças e adultos na Rua Ernesto Deocleciano, local que depois tornou-se sede provisória da Academia. Quando faleceu em 1950, José Saboya de Albuquerque era Vice-Presidente da Academia Sobralense de Estudos e Letras, sendo Presidente, Mons. José Gerardo Ferreira Gomes, de 1950 a 1972. Mestre consagrado, vulto brilhante no magistério, batalhou por 2 décadas para que a Academia tivesse sede própria. Não conseguiu, porém foi o artífice maior para a fundação da Faculdade de Filosofia Dom José, embrião da Universidade Estadual Vale do Acaraú.
Mas, as portas da Academia, continuaram abertas e iluminadas, pelo homem de letras, Dr. João Ribeiro Ramos, que conduziu os destinos deste Silogeu por 23 anos, permanecendo como membro das sucessivas Diretorias da Academia por 38 anos. Promoveu intercâmbios culturais, lançamentos da Revista da Academia, ampliação da Biblioteca, conseguindo uma Sala para a Academia, em comodato com a Diocese de Sobral, no Edifício Oriano Mendes, durante o bispado de Dom Walfrido Teixeira Vieira.
A figura de Dr. Ramos, é emblemática desta Academia Sobralense. A ele seguiu-se como Presidente, o Profº José Ferreira Portela Neto (1993 –1996) imprimindo-lhe a sua marca de determinação, trabalho e competência.
Foi substituído pela notável intelectual Profº Evaristo Linhares Lima (1994 - 2008).
Com ele, a Academia passou para suas novas instalações, no sobrado Pinto Braga. Sessões solenes e outras atividades literárias foram registradas.
Por ultimo, tivemos como Presidente, o Confrade Dr. João Edison Andrade (2007 – 2010). Sua gestão foi marcada pela nova Sede da Academia no Memorial de Educação Superior de Sobral, prédio pertencente à UVA, onde estão instaladas a Pró Reitoria de Cultura e Ouvidoria da UVA. Criou a Medalha Ribeiro Ramos, para agraciar pessoas com destaques nas áreas literárias e culturais e procedeu a reformulação dos Estatutos da Academia, dando-lhe uma configuração mais atualizada nos moldes de instituições congêneres.
Como parte integrante de sua Diretoria, sou testemunha de seu esforço para preencher as cadeiras vacantes com novos acadêmicos, promovendo ainda homenagens póstumas e outras em ocasiões especiais.
Senhores Acadêmicos, feito esse percurso ao passado, chego ao presente, quando toma posse a nova Diretoria da ASEL. Todos os membros são Acadêmicos de experiência comprovada, intelectuais dignos de nossa confiança.
O Presidente hoje empossado, o jovem advogado Dr. José Luís Araújo Lira, homem determinado, intelectual, professor universitário (UVA) e imortal da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará, da Academia Fortalezense de Letras, da Academia Brasileira de Hagiologia, da Academia Cearense de Hagiologia, da Academia Sobralense de Estudos e Letras (cadeira nº 24) integra ainda, os quadros da Sociedade Cearense de Geografia e História e da Associação Brasileira de Bibliófilos.
Publicou 11 livros, sendo o último de poesias. Recorro à Ricardo Cambraia que fez posfácio do referido  livro  ''Algum Poema?'', para melhor definir José Luís, “Este é o José Luís Lira de Guaraciaba eterno apaixonado pelos livros, pela literatura, por aquela que carinhosa e respeitosamente vou chamar de Rachel. O menino crescera e deixara o Sítio Correios, e percorreu o mundo com aquela fome insaciável de quem quer conhecer e um amor tão grande por sua gente, a terra, a religião, seus amores...”
Caro José Luís, você representa a ala dos jovens acadêmicos. Com o seu entusiasmo, com a sua experiência em outras associações literárias e principalmente, com seu idealismo, você e os membros da Diretoria darão o impulso vibrante que esperamos desta Academia.
Na vice-presidência, temos a acadêmica Tereza Maria Ramos Fonteles, esta representa a essência da Acadêmia, pois sua história de vida está intrinsecamente ligada à ASEL. O seu próprio relato nos confirma em texto escrito na Revista da Academia Sobralense de Estudos e Letras de nº10, pg. 93, relembrando o convite para ingressar na Academia.
“Vejo-me de saia rodada, menina travessa, a correr levando comigo meu irmão Francisco. Era dia de passeio pelas ruas, era dia de sessão da Academia Sobralense, era 7 de setembro. Papai e mamãe subiram a escada do Pálace Club para participarem da sessão em homenagem a Independência.
Fomos com eles com a promessa de que ficaríamos quietos''.
Em outro momento, diz: ''Ouço o timbre de voz do Mons. José Gerardo F. Gomes, agora, na sala de visitas do velho casarão onde morávamos... Está encerrada a sessão! Era a ordem geral para recomeçarmos a bagunça''.
Assim, Tereza Ramos, vivenciou a Academia desde sua infância e da infância da própria Academia. Cresceram juntas. Teria escolha melhor para compor esta Diretoria, representando seu pai que a dirigiu com amor e perseverança e sua mãe poetisa Dinorá Tomás Ramos, que lhe deu mais consistência e alma com suas primorosas poesias? Tereza Ramos emprestará à Academia, a sua imensurável capacidade literária na prosa e no verso, impulsionada pelo amor à memória de seus pais e a Sobral.
Outros nomes da Diretoria, também são simbólicos da intelectualidade sobralense: Manoel Valdeci de Vasconcelos, que a cidade Santana do Acaraú presenteou a Sobral; Profº José Edvar Costa de Araújo, estudioso da educação; José Dimas de Carvalho Muniz, o Poeta da Ribeira; Rebeca Viana, poetisa da Delicadeza; Gabriel Assis Araújo Vasconcelos, historiador e pesquisador incansável, Arnaud de Holanda Cavalcante, comprometido com a crônica social de Sobral, com livro publicado sobre o assunto.
No Conselho Fiscal, nomes respeitáveis como de Dr. Ataliba Araújo, Advogado e Profº, Jerônimo Torres, presença marcante na Academia, João Edison Andrade, já nominado o seu mérito e Drª Gizela Nunes Costa, que muito contribuiu na ocasião da instalação da ASEL, no Edifício Oriano Mendes e Norma Soares, a quem muito devemos pelas publicações feitas sobre a história e a religiosidade sobralenses.
Quero reforçar o papel desempenhado pela Drª Gizela Nunes da Costa na aquisição de mobiliário e equipamentos para a sala da Academia acima referida, mas também a sua participação decisiva para que a Academia tivesse em seus quadros, uma representante feminina – poetisa Dinorá Tomás Ramos. Graças a intervenção da Drª Gizela, hoje estamos aqui representando a ala feminina da intelectualidade sobralense, o que agradecemos.
Deixo para o fim, o registro ao Presidente de Honra, Deputado Professor José Teodoro Soares, cujo nome já é uma bandeira de luta pela Educação, pela inclusão social, pela cidadania plena. De mérito inquestionável, merece de todos nós o respeito e a gratidão por suas ações em favor da UVA e de Sobral, especialmente para esta Academia, pela robusta produção literária deixada em nosso meio.
Portanto, Senhoras e Senhores, gratifica-me muitíssimo saudar a nova Diretoria, pela convicção de que tudo farão pelo engrandecimento e dinamismo da Academia Sobralense de Estudos e Letras, na conservação daquelas idéias de cultura e humanismo, legadas por nossos ancestrais, lembrando que a nossa sensibilidade não é apenas literária, mas também social e política.
Que possamos ao final deste biênio da Diretoria que hoje se inicia, louvá-los pelas realizações feitas e vitórias conquistadas, com as sábias  palavras de Castro Alves:
''Ô bendito que semeias livros
Livros, livros à mão cheia
E manda o povo pensar
O livro caindo na alma
É germe que faz a palma,
É chuva que faz o amar''.
E que as chuvas que caem agora em abundância em Sobral e todo o nosso País, façam renascer as sementes de esperanças, para que tenhamos grandes safras de livros e outras produções literárias.
Parabéns a todos, com a certeza de que terão a parcela de solidariedade de cada um de nós, que honrosamente compomos a Academia Sobralense de Estudos e Letras.

Muito obrigada!

Giovana Saboya Mont’Alverne Girão
Acadêmica da ASEL

Discurso de Posse na Presidência da ASEL

Sr. Acadêmico Valdeci Vasconcelos, Presidente Interino da Academia Sobralense de Estudos e Letras;
Exmo. Sr. Dr. João Alberto Adeodato Júnior, Presidente da Câmara Municipal de Sobral;
Exmo. Sr. Dr. Maurício Fernandes, Juiz Diretor do Fórum de Sobral;
Exmo. e Revmo. Sr. Dom Odeli José Magri, Bispo Diocesano de Sobral;
Magnífico Sr. Prof. Dr. Antonio Colaço Martins, Reitor da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA;
Exma. Sra. Desembargadora Gizela Nunes da Costa, Presidente da Academia Brasileira de Hagiologia e da Academia Fortalezense de Letras;
Exmo. Sr. Dr. Julio César da Costa Alexandre, Secretário Municipal de Educação, representando Sua Excelência o Prefeito Municipal José Clodoveu de Arruda Coelho Neto;
Sr. Dr. Rudson Rocha, Delegado de Polícia de Guaraciaba do Norte;
Revmo. Sr. Mons. Gonçalo Pinho, Vigário Geral da Diocese de Sobral;
Revmo. Sr. Pe. João Batista Nery, Pároco de Coreaú;
Digníssimas Autoridades;
Caríssimos Confrades;
Permitam-me uma saudação muito especial aos meus conterrâneos de Guaraciaba do Norte e, especialmente, aos meus amados pais, Izídio Ribeiro Lira e Luiza de Araújo Lira, meus irmãos e meu tio aqui presentes;
Senhoras e Senhores:

Vaidade das vaidades, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. São estas as palavras com que se inicia o livro sagrado do Eclesiastes, por muitos atribuídas ao Rei Salomão, aquele que, no dia de sua coroação, ante a oferta de Deus de tudo o que ele quisesse, pediu unicamente sabedoria para administrar o seu povo e foi o mais sábio de todos os reis.
Nos moldes atuais, nossas entidades literárias têm quase 400 anos, tendo por marco inicial a Academia Francesa, criada pelo Cardeal de Richelieu, ministro e homem-forte do reinado de Luís XIII. De lá aos nossos dias, as Academias de Letras possuem elos de ligação entre passado e presente. No princípio, não há como negar que existe vaidade, mas, com o tempo, percebe-se que os acadêmicos substituem essa vaidade pelo trabalho. Passa uma geração, vem outra, mas, a Academia permanece. Vêm o sol e os ventos, mas, ela prossegue seu itinerário. Muitos tombam na estrada, mas ela permanece intacta, altaneira.
Desde 1922 tem-se a presença acadêmica em Sobral. A primeira foi a Academia Sobralense de Letras que teve vida curta e como seu único presidente consta o Padre Francisco Leopoldo Fernandes Pinheiro. Depois, veio a Academia Sobralense de Estudos e Letras, fundada em 1943 e que, por decisão unânime dos seus membros atuais, sucede a primeira Academia. Dela foram presidentes: Mons. Vicente Martins da Costa (07/09/1943 a 03/03/1948); Dr. José Saboya de Albuquerque (04/03/1948 a 26/04/1950); Mons. José Gerardo Ferreira Gomes (27/04/1950 a 07/09/1970); Dr. João Ribeiro Ramos (07/09/1970 a 23/10/1993); Dr. José Ferreira Portella Netto (23/10/1993 a 12/01/1996); Dr. Evaristo Linhares Lima (12/01/1996 a 01/12/2006); Dr. João Edison de Andrade (01/12/2006 a 01/12/2010) e Dr. Manoel Valdeci de Vasconcelos (01/12/2010 até a presente data). Sou, deste modo, o décimo presidente de Academia em Sobral e o nono da Academia Sobralense de Estudos e Letras. Celebro, portanto, os feitos de meus antecessores na Presidência da ASEL ou a Casa de Mons. Martins, nosso fundador, e de Ribeiro Ramos, representando os demais Presidentes, posto que nenhum outro acadêmico ocupou por mais tempo a Diretoria da ASEL. Só na presidência, Ribeiro Ramos passou mais de três décadas e, antes foi, por vários anos, tesoureiro.
Com toda sinceridade, queria ter palavras revestidas de encanto e de mistério, a exemplo das do Príncipe dos Poetas, Artur Eduardo Benevides; belas, reverenciando Guimarães Rosa; sábias, na ternura de uma criança, relembrando Antonio Olinto; carregadas de sagas, recordando meu inesquecível antecessor, Gerardo Mello Mourão; cheias de simbolismos em homenagem à deusa do romance brasileiro, Rachel de Queiroz; refletidas no amor cristão e na fé no Criador, numa remissão aos sermões de Mons. Antonino Soares e de Dom José Coutinho, santos que habitam a glória eterna; alegres e esperançosas, para homenagear dois dos homens mais importantes de minha vida, Luís Alves de Lira, meu avô, que está no céu, e Izídio Ribeiro Lira, meu pai (aqui honrosamente presente, acompanhado da minha mãe, Luiza de Araújo Lira, mulher bela, forte e obstinada); eternos como as da Sagrada Escritura. Então, eu teria certeza de que “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3, 1) e faço deste breve pronunciamento um hino de louvor a Deus pela sua obra, da qual somos pequenas centelhas.
Mas, já que não tenho a experiência de meus sábios confrades, de meus antecessores na Presidência e dos escritores mencionados, três deles tão amados, além de não possuir a eternidade bíblica, contento-me com a imortalidade acadêmica, residente na certeza de que uma vez integrantes de uma Academia de Letras, não seremos esquecidos por completo. Mesmo que apenas citados, nossos nomes ecoarão toda vez que houver uma posse nas Arcádias de que fazemos parte.
Minha eleição para presidir a Academia Sobralense de Letras é fruto da generosidade de amigos, de pessoas com quem convivo e, ao final desses dois anos à frente da Diretoria, espero ter honrado essa nobre missão e sair com a consciência do dever cumprido.
Relembrando o ateniense Antístenes que enunciava: “A gratidão é a memória do coração”, agradeço comovido a tanto carinho para comigo, o apoio recebido dos presidentes João Edison que, em quatro anos, fez um trabalho de reestruturação da Academia, e Valdeci Vasconcelos que, em pouco mais de três meses, conduziu o processo eleitoral e organizou a bela Solenidade que vivenciamos nesta noite; às palavras de saudação da Acadêmica Glória Giovana Saboya Mont’Alverne Girão, obrigado Giovana – a quem, carinhosamente, chamo de Condessa de Mont’Alverne.
São tantas e lindas as mensagens que recebi, de pessoas queridas que não posso citá-las todas. Contudo, destaco o carinho de Lêda Maria e de Lustosa da Costa, pelas manifestações em suas colunas no Diário do Nordeste (Lustosa que ninguém sabe se é de Sobral ou se é Sobral que é dele); da imprensa local, especialmente o jornal Correio da Semana; da amiga Maria Luiza de Queiroz, irmã da tão-sempre amada Rachel de Queiroz; do Pe. Ismar Dias de Matos, Presidente da Academia Mineira de Hagiologia e meu amigo; da Professora Pós-Doc Maria Laura Estigarribia Bieber, da Universidade Nacional de Lomas de Zamora; do Acadêmico João Soares Neto, Cônsul do México, que afirmou representar minha eleição “o poder descendo da Serra Grande e tomando, em prosa e habilidade, o cume da Academia da terra de Dom José Tupinambá da Frota”; da Acadêmica Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, que me chama, sem mérito meu, “cavalheiro deste nordeste que tanto admiro” e do Embaixador da República Federativa do Brasil junto ao Reino da Dinamarca, Gonçalo Mello Mourão, cuja mensagem recebi com a viva lembrança de seu saudoso pai, meu antecessor na cadeira que ocupo na ASEL, o Poeta Maior Gerardo Mello Mourão.
Agradeço a todos os Acadêmicos; a todos os membros da Diretoria que a meu primeiro convite logo aceitaram participar da Chapa Ribeiro Ramos que nos levou à vitória; à Vice-Presidente, Tereza Ramos, a Tia Têca que, se Deus permitir, será a futura Presidente, pela confiança tão sincera que depositou em mim; ao Presidente de Honra, Professor Teodoro Soares, que me trouxe para Sobral, a quem todos muito devemos; à Acadêmica Norma Soares, que já em nossa primeira conversa encontramos afinidades e nos tornamos amigos; aos tantos amigos que tornam esse auditório um belo jardim, das mais preciosas flores e rosas, aos quais cumprimento nas pessoas de Matusahila Santiago e de Gizela Nunes da Costa, aliás, a presença da desembargadora Gizela, além de ser acadêmica deste Silogeu, representa uma homenagem de duas Academias que fundei: a Academia Fortalezense de Letras e a Academia Brasileira de Hagiologia, ambas presididas por ela – Matusahila foi minha cúmplice nas duas criações; aos meus amigos e colegas da Universidade Estadual Vale do Acaraú, meu quase lar, especialmente ao Magnífico Reitor, Professor-Doutor Antonio Colaço Martins, com quem tenho a honra de trabalhar e desse trabalho fazer um aprendizado; à Vice-Reitora Palmira Soares e à equipe que trabalha comigo e, principalmente, aos meus alunos.
Guimarães Rosa, em seu magnífico discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, no qual cita a célebre frase “As pessoas não morrem, ficam encantadas”, fala, com emoção, que “Cordisburgo [sua cidade natal] era pequenina terra sertaneja, trás montanhas, no meio de Minas Gerais”. Por isso, nesse quase concluir, de repente, não mais que de repente, parafraseando Vinícius de Morais, meus olhos volvem para a Serra da Ibiapaba, mais especificamente para Guaraciaba do Norte, de onde pareço nunca ter saído. É Guaraciaba ascendendo docemente na memória. Quanta vida tive e tenho ali. Quantos sonhos fizeram de mim o que sou. Não poderia deixar esquecido aquele doce recanto da Ibiapaba, com os sítios Correios, onde nasci, e Monte Alegre, meu refúgio, nesta noite tão importante. Permitam-me, portanto, Senhoras e Senhores, manifestar agradecimentos muito especiais aos meus conterrâneos de Guaraciaba e, carinhosamente e feliz, aos meus amados pais, Izídio Ribeiro Lira e Luíza de Araújo Lira, que me ensinaram a seriedade e o compromisso que tento empregar em tudo o que faço. Confesso que estou felicíssimo por tê-los aqui. Tenho a certeza de que poucos Presidentes terão tido seus pais em suas posses. Meus pais se constituem espelhos para mim e eu procuro seguir suas pegadas; agradeço, também, aos meus irmãos e a todos os de minha família.
Para não me alongar, por não ter usado microfones para fazer promessas antes da eleição, prometo agora, dedicar o melhor de mim a essa Academia. Pretendo, com a ajuda dos acadêmicos, tirar a Academia de seus muros. Levá-la às Universidades, aos Colégios, ao povo que celebra a glória de sua Academia. Com a ajuda de muitos dos que aqui estão e de outros que não puderam comparecer, fazer circular novamente a Revista da Academia; criar a bandeira da ASEL; confeccionar carteiras de identificação e diplomas dos Sócios que ainda não os possuem; realizar sessões comemorativas; firmar convênio com instituições e outras Academias e, tal qual um pastor, buscar aquelas ovelhas desgarradas, ou seja, aqueles Acadêmicos que se distanciaram ao longo do tempo de nosso Sodalício, tudo isto para que a Academia Sobralense de Estudos e Letras alcance o lugar de destaque que lhe é devido, nesta Princesa do Norte de todos nós, no Ceará, no Brasil e, quiçá,no mundo. Isto farei se contar com a ajuda de cada um dos Senhores Acadêmicos, das Autoridades, mas, principalmente, com a permissão d’Aquele que é o responsável por nossas vidas, Deus, que, para o físico Albert Einstein, que muitos pensavam ateu, representa “a mais bela e profunda emoção que se pode experimentar... a sensação do místico. Este [Deus] é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa devanear e ser empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade de um morto”.
Vivamos! Trabalhemos! Façamos!
Que Deus nos ajude e, pela intercessão da Imaculada Conceição, Padroeira de Sobral, nos abençoe!


José Luís Araújo Lira
Presidente da ASEL biênio 2011-2013

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